Aulas remotas impostas por quadro de pandemia não são novidade

Escrito por em 22/02/2021

Desde março de 2020, o mundo enfrenta um inimigo invisível: o novo coronavírus. Desde então, a Covid-19 já fez 2.341.004 vítimas fatais ao redor do globo e obrigou os cidadãos a se adaptarem a essa realidade.

Inicialmente vivendo um período de lockdown, estabelecimentos foram fechados e o mesmo aconteceu com as escolas, que, agora, quase um ano depois, voltam aos poucos com medidas restritivas.

Nesse período, os estudantes tiveram que se adaptar a algo que até então não havia sido visto por eles: aulas remotas em casa, com o auxílio da internet.

Crianças no Paraná estudando em casa na pandemia

Contudo, o que poucos sabem é que essa não é a primeira vez que algo do tipo acontece.

Na década de 1930, antes da ciência produzir a vacina contra a poliomielite, crianças tiveram que enfrentar um período estudando de maneira peculiar.

De acordo com um artigo publicado por Katherine A. Foss, no The Conversation, crianças que estudavam em Chicago, nos Estados Unidos, passaram a receber aulas através do rádio, no ano de 1937. Mas, afinal de contas, como isso aconteceu e por qual motivo?

Crianças em Chicago, 1937 estudando em casa pelo rádio

Isolamento

A decisão se deu após uma epidemia de paralisia infantil (ou poliomielite) invadir severamente o país.

Diferentemente da pandemia, como é o caso do novo coronavírus, a epidemia se define como uma doença que surge de maneira súbita em uma determinada área, que depois se extingue com o tempo.

A enfermidade contagiosa é causada por um vírus e pode atingir adultos, porém, é mais comum em crianças. A contaminação se dá pelo contato direto de secreções de pessoas infectadas e pode causar problemas de desenvolvimento físico.

A única maneira de se prevenir contra a poliomielite é com vacina. Contudo, a doença ainda não tinha um imunizante em 1937, o que só veio a acontecer em 1955. Por isso, medidas de prevenção tiveram que ser tomadas.

Na época, a cidade de Chicago, em Illinois, registrou 109 casos da doença, um número considerado recorde. Incialmente as aulas foram adiadas por três semanas.

Contudo, pais, professores e diretores estavam apreensivos quanto aos  estudos dos pequenos e, por isso, se uniram junto ao governo e tomaram uma decisão: as crianças iriam estudar em casa.

Pelo rádio

Temendo o aumento de casos de poliomielite, em setembro daquele ano, a Secretaria da Educação de Chicago surgiu com a ideia de um plano experimental chamado de “rádio escola”.

Projeto Rádio Escola – 1937 – Chicago – EUA

Na ocasião, os membros dos colégios da região se uniram em um projeto intenso de preparação de aulas elaboradas em específico para cada série.

Sete estações de rádio da cidade cederam espaço e tempo para que o ensino fosse transmitido A primeira aula remota aconteceu com sucesso em 13 de setembro de 1937.

Os estudantes contavam com o apoio geral dos cidadãos locais. Os jornais da cidade também divulgavam o conteúdo preparado pela escola para facilitar o entendimento das lições, já que as aulas tinham somente 15 minutos.

O projeto reuniu cerca de 315 mil crianças da 3° até a 8° séries e envolveu conteúdos simples, que eram lecionados de maneira divertida para fácil compreensão. Ao final de cada aula, lições de casa eram pedidas.

Muitas vezes, os alunos tinham dúvidas em relação às matérias. Por isso, 16 professores ficaram encarregados de atender as ligações que eram feitas pelos pais das crianças.

Mas, o número não foi suficiente e a equipe de teleatendimento teve que ser ampliada. Sabe-se que, somente no primeiro dia em que as aulas foram transmitidas pelo rádio, mais de mil ligações foram feitas para a central.

No fim de setembro, a situação já estava mais controlada no país e as escolas de Chicago decidiram reabrir, mas, o período de aulas remotas ficou marcado na memória dos estudantes da região.

Hoje em dia, com a doença controlada em decorrência das campanhas de vacinação, os casos de poliomielite diluíram em 99% ao redor do mundo desde 1988.

Fonte: Canal History


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