Bill Gates está financiando projeto para combater o aquecimento global

Escrito por em 02/02/2021

O bilionário Bill Gates, fundador da Microsoft, se juntou com alguns cientistas de Harvard em um estudo que pretende lançar na atmosfera um aerossol capaz de dissipar a quantidade de luz solar que incide sobre a superfície terrestre.

O projeto se chama Experimento de Perturbação Controlada Estratosférica (SCoPEx, na sigla em inglês). O objetivo é borrifar poeira atóxica de carbonato de cálcio (CaCO3) na atmosfera para que sejam compensados os efeitos do aquecimento global, refletindo parte da luz solar de volta para o espaço.

A experiência científica que pretende ajudar a compreender a possibilidade de aplicar aerossóis estratosféricos motivados pela geoengenharia (Crédito: Reprodução/Divulgação)

Um estudo realizado por cientistas de Harvard em 2017 e editado pelo Instituto de Tecnologia da Califórnia apontou que o aerossol de carbonato de cálcio pode ajudar a reduzir o aquecimento da Terra, mantendo intactas as partículas essenciais que compõem a estratosfera. É um avanço em relação a outras iniciativas, como o aerossol de sulfato, que combatia alguns riscos climáticos, mas acabava por destruir as partículas de ozônio.  

Obstáculos

Segundo a Forbes, uma questão ainda delicada é saber quanto aerossol seria suficiente para resfriar a atmosfera, de modo que ela mantenha-se sustentável. Outra dificuldade é que, segundo os cientistas envolvidos, o aerossol pode ser eficiente apenas para resfriar a superfície, mas ainda é uma possibilidade os gases estufa continuarem a se acumular na atmosfera.

Alguns cientistas avessos à ideia apontam que o aerossol que controla a entrada de luz solar pode causar mudanças extremas no clima. Uma solução como essa poderia arrefecer as iniciativas de combate à emissão de poluentes no mundo, com a manutenção dos níveis atuais de produção e consumo.

Objetivos

A missão que Gates financia dará seu primeiro passo em junho. Será liberado um balão no céu da Suécia para testar os sistemas operacionais e de comunicação do instrumento responsável pela emissão da poeira de CaCO3. A Swedish Space Corporation, uma estatal suéca de tecnologia espacial, está envolvida nessa etapa do projeto.

Os defensores da geoengenharia apontam que o aerossol de carbonato pode ser um importante paliativo para evitar o agravamento do aquecimento da superfície terrestre para as próximas décadas. Um relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática apontou que, com um investimento entre US$ 1 bilhão e US$ 10 bilhões ao ano, o SCoPEx poderia reduzir as temperaturas globais em 1,5 grau Celsius.

Na média global, uma redução dessas poderia aliviar as tensões climáticas. O problema é que o clima não funciona baseado em médias. Cientistas britânicos que se opõem a seus colegas levantam dúvidas sobre a eficiência do aerossol financiado por Gates e afirmam que, anteriormente, erupções vulcânicas no Alasca e no México, que reduziram a temperatura média global, podem ter sido a causa central de uma seca devastadora na região do Sahel, na África, e que algo parecido poderia acontecer com uma nova iniciativa de bloqueio da luz solar.


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