Substâncias cancerígenas são encontradas na água de 11 municípios, incluindo Coronel; Sanepar nega

Escrito por em 22/03/2022

O Mapa da Água, elaborado pela ONG Repórter Brasil, revela resultados preocupantes sobre a qualidade da água consumida no Brasil. Testes feitos na água tratada detectaram substâncias químicas e radioativas que podem oferecer risco à saúde. A organização já havia elaborado o Mapa dos Agrotóxicos na Água em 2019 e, desta vez, fez um levantamento inédito, com os dados de controle do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua), do Ministério da Saúde.

Segundo o levantamento, em 763 cidades, entre 2018 e 2020, havia substâncias químicas acima do limite permitido. No Sudoeste do Paraná, são 11 municípios (veja no mapa), sendo que em sete deles houve presença de “substâncias com os maiores riscos de gerar doenças crônicas, como câncer”. Elas são listadas como “reconhecidamente” ou “provavelmente” cancerígenas, disruptoras endócrinas (que desencadeiam problemas hormonais) ou causadoras de mutação genética.

Outras quatro cidades ficaram dentro de um segundo grupo, das “substâncias que geram riscos à saúde”, que reúne todas as outras que também oferecem risco, segundo a literatura internacional e o Ministério da Saúde. Entre elas estão as “possivelmente” cancerígenas”, além das que podem causar doenças renais, cardíacas, respiratórias e alteração no sistema nervoso central e periférico.

Segundo a Repórter Brasil, cada país define o seu limite de segurança para a concentração máxima permitida de cada substância na água. É esse o controle que define a potabilidade da água. As amostras que contêm substâncias fora desse padrão são consideradas impróprias para o consumo, da mesma forma como um alimento pode estar fora da validade ou fora dos padrões sanitários.

A lei brasileira determina que os fornecedores são responsáveis por testar a água e por apresentar os resultados à autoridade de saúde local, o que na prática se dá por meio do registro desses dados no Sisagua.

As informações podem ser consultadas por cidade no Mapa da Água, que destaca quais substâncias extrapolaram o limite e explica seus riscos. Com impacto silencioso, esses produtos têm dinâmica diferente das contaminações por bactérias, que provocam dor de barriga, diarreia e até surtos de cólera.

Os sintomas das substâncias químicas e radioativas podem levar anos, mas, quando aparecem, são na forma de doenças graves. Estudos que associam esses produtos ao câncer, mutações genéticas e diversos outros problemas de saúde são carimbados pelos mais respeitados órgãos de saúde, como a OMS e as agências regulatórias de União Europeia, Estados Unidos, Canadá e Austrália.

Fonte: Jornal de Beltrão

CORONEL VIVIDA
Conforme a publicação do portal Repórter Brasil, foi detectada uma substância com maiores riscos de gerar doenças crônicas, como câncer, acima do limite de segurança na água de Coronel Vivida.

Detecções ACIMA DO LIMITE DE SEGURANÇA na água de Coronel Vivida (PR) entre 2018 e 2020:

Substância(s) com o(s) maior(es) risco(s) de gerar doenças crônicas, como câncer:

2, 4, 6 Triclorofenol (Subprodutos da desinfecção)

O 2,4,6 Triclorofenol é classificado como provavelmente cancerígeno pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos. Sua avaliação indica que essa substância pode produzir linfomas, leucemia e câncer de fígado via exposição oral. Pode ser formada a partir do processo de desinfecção, quando o cloro é adicionado à água. Ela é utilizada como antisséptico, agrotóxico para preservar madeira e o couro e como tratamento contra o mofo. Também é usada na fabricação de outros produtos químicos.

Fonte: https://reporterbrasil.org.br/…/exclusivo-agua-da…/

Em nota, a Sanepar afirma que mantém rígido controle da qualidade água no Paraná.

“A Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) realiza 7,5 milhões de análises por ano para verificar a conformidade de 109 parâmetros que estabelecem o padrão de qualidade de água segundo o Ministério da Saúde. Este controle é realizado de acordo com cada parâmetro, a cada hora, diariamente, mensalmente e a cada semestre, seguindo o monitoramento definido pela Portaria de Potabilidade do Ministério da Saúde e com aprovação das Vigilâncias Sanitárias municipais.

Todos os resultados das análises laboratoriais de qualidade da água da Sanepar são monitorados por uma rede de saúde pública formada pela Vigilância Sanitária, Secretaria Estadual de Saúde e Ministério da Saúde. A Sanepar envia relatório dos resultados às Vigilâncias Sanitárias municipais, que recebem essas análises em primeira mão e alimentam o Sistema de Informação da Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua), do Ministério da Saúde.

Além desse sistema, as mesmas informações ficam disponíveis para a população no site da Sanepar no campo “Qualidade da Água”, conforme exigência do Decreto Federal nº 5440.

Outros parâmetros constantes na legislação de potabilidade podem ser solicitados pelo cliente diretamente nos canais de atendimento da Sanepar.

Não há registro de qualquer notificação ou intervenção de nenhum órgão de vigilância na área da saúde, nem nas esferas municipais, na estadual e na federal, que acuse qualquer omissão ou irregularidade da Sanepar na qualidade da água fornecida pela Companhia. Também não há nenhum registro de qualquer histórico de incidência de radioatividade na água nas unidades de produção da Sanepar.

As análises servem para a empresa identificar os problemas, avaliar o alcance e definir as ações de correção, que são feitas para garantir a potabilidade da água fornecida pela Sanepar em cada um dos 346 municípios atendidos pela Companhia.

A Sanepar atua de maneira rápida e com medidas de curto prazo quando há qualquer identificação, ainda que seja mínima, de padrões fora do Valor Máximo Permitido (VMP) de qualquer substância. O VMP é definido em portaria pelo Ministério da Saúde.

O monitoramento da Sanepar é realizado em todas as etapas: desde a captação da água nos rios e poços, no processo de tratamento e na rede de distribuição. A Companhia tem uma das maiores e mais modernas redes de laboratórios de análises ambientais da América do Sul, com credenciamento pela Coordenação Geral de Acreditação do Inmetro (CGCRE) de que seus processos são executados de forma precisa e de acordo com padrões de excelência definidos pela norma ISO/IEC 17.025:2017, da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Esta norma é exclusiva para laboratórios de ensaio e calibração, além de certificação NBR ISO9001:2015, desde 1997.”


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