Médico esclarece dúvidas sobre câncer de próstata

Escrito por em 03/11/2021

O Novembro Azul é o mês de luta contra o câncer de próstata. Excepcionalmente neste ano, ele acontece após o adiamento de inúmeras consultas, exames e tratamentos devido à pandemia da Covid-19 e à ocupação crítica dos hospitais.

Em 2020, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), foram diagnosticados no país 66 mil casos desse tipo de câncer, que resultaram em 16 mil mortes.

A próstata é uma glândula pequena responsável pela produção de grande parte do sêmen. Ela é encontrada abaixo da bexiga. É um órgão existente apenas nos homens.

Veja algumas dúvidas sobre câncer de próstata, respondidas pelo médico urologista Reinaldo Uemoto, do Hospital Santa Catarina – Paulista.

1. É possível ter câncer de próstata antes dos 40 anos?

Embora seja extremamente raro, o câncer de próstata pode afetar homens com menos de 40 anos. No entanto, não é a regra. Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 75% dos casos anuais ocorrem a partir dos 65 anos. Além disso, os índices de mortalidade também são mais elevados entre os mais velhos. Menos de 10% dos casos incidem em pacientes abaixo dos 50 anos.

2. A vasectomia causa câncer de próstata?

A vasectomia — procedimento cirúrgico que interrompe a circulação dos espermatozoides e, dessa forma, impede o homem de ter filhos — já foi taxada como vilã no aumento da ocorrência de câncer de próstata, após um estudo publicado em 2010. No entanto, outras evidências científicas e estudos posteriores derrubaram essa hipótese.

Para Uemoto, homens vasectomizados devem tomar exatamente os mesmos cuidados que os homens que não realizaram o procedimento. Dessa forma, a prevenção inclui manter um estilo de vida saudável, evitando a obesidade e o tabagismo. Além disso, é importante realizar exames e consultas médicas de rotina. O exame de toque retal é recomendado, geralmente, para pacientes acima dos 50 anos.

3. A atividade sexual aumenta o risco de câncer de próstata?

Em estudos preliminares, foi observado que homens que ejaculam com mais frequência apresentam um risco menor de desenvolver câncer de próstata, o que chega a ser o oposto do senso comum. Os motivos que explicam essa relação ainda não foram descobertos pela ciência, mas a liberação da ocitocina — também conhecida como o hormônio do prazer — pode ser uma das explicações.

Por outro lado, comportamentos sexuais de risco, como relações sexuais sem o uso de preservativos, tornam o homem mais vulnerável para as doenças sexualmente transmissíveis. Elas podem causar inúmeras complicações, inclusive aumentar o risco de alguns tipos de câncer.

4. O câncer de próstata causa diminuição da virilidade?

Na verdade, o câncer de próstata não causa a diminuição da potência sexual ou a esterilidade em ninguém, mas os tratamentos para a cura ou o controle da doença podem causar essas complicações. Dependendo do caso, hormonioterapia, quimioterapia, radioterapia e alguns procedimentos cirúrgicos podem levar à disfunção erétil ou à infertilidade, afirma o urologista.

No entanto, esses tratamentos são comuns a diversos tumores e são necessários para a recuperação do paciente. A escolha do tratamento mais adequado deve ser individualizada e definida após a discussão, entre médico e paciente, dos riscos e dos benefícios.

5. O aumento da próstata é um sinal de câncer?

Depois dos 45 anos, mais de 90% dos homens apresentam algum grau de aumento da próstata. Essa condição é conhecida como hiperplasia prostática benigna. Por outro lado, esse crescimento pode causar dificuldades para urinar — como uma redução de fluxo do jato urinário — ou urgência miccional — como acordar no meio da noite para urinar. É possível que haja confusão nos sintomas.

Só que o médico explica que o aumento da próstata, no entanto, não tem nenhuma relação com o câncer de próstata. Isso porque esse tipo de câncer tem evolução silenciosa na fase inicial. É na fase avançada que os sintomas aparecem de forma mais evidente e podem incluir cansaço generalizado e dores ósseas.

6. A retirada da próstata deixa o homem impotente?

Em parte. Segundo o urologista Uemoto, não é toda retirada da próstata que pode levar à impotência. De forma geral, existem dois tipos de doença prostática que podem evoluir para um tratamento cirúrgico.

A Hiperplasia prostática benigna (HPB) pode exigir cirurgia, se o tratamento clínico não for bem-sucedido. Nesse caso, a cirurgia remove apenas o núcleo da próstata que está levando à obstrução da uretra. Essa operação não acarreta problemas de ereção.

O Câncer de próstata pode levar à remoção total da glândula. Por sua vez, isso pode causar diminuição da ereção em até 25% dos casos. Nos últimos anos, esse inconveniente foi minimizado com a introdução da cirurgia robótica, que possibilita uma melhor preservação do feixe neurovascular da próstata.

Fonte: Inca, Canaltech

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